“Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mateus 16:13)
Poderíamos afirmar que a pergunta mais importante da história humana não diz respeito às nossas demandas pessoais, intelectuais ou emocionais.
A pergunta mais importante já feita aos homens , cada um de nós, individualmente, afirmamos ser a figura mais emblemática de toda a história: Jesus Cristo.
Não trataremos a questão sob a ótica da apologética, mas sob uma ótica de aplicação prática, cotidiana.
A nossa resposta à pergunta do milênio, inevitavelmente, definirá a nossa disposição diante do chamado feito por Cristo a cada ser humano.
Uns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias
Diante da indagação do Mestre, os discípulos lhe apresenta o que o povo pensava acerca do ministério de Cristo.
Ao reconhecer o Mestre como um dos muitos profetas, como um arauto da verdade e não como a verdade encarnada a multidão de seguidores apenas removia de si o peso do chamado ao discipulado.
O chamavam de bom Mestre, mas não abraçavam as palavras da vida eterna que saiam de sua boca.
A verdade é que, boa parte do cristianismo de nosso tempo, não está em melhores condições. Muitos ainda só reconhecem a Cristo como um bom rabi, um profeta de Deus e, mesmo declarando e reafirmando sua fé nele, não são de fato transformados pela renovação da mente.
Se meu conhecimento de Cristo não promove mudanças efetivas em minha vida cotidiana e não me direciona no caminho de, dia após dia, caminhar em direção ao homem perfeito em Jesus, então meu entendimento sobre Ele é meramente intelectual.
Tanto os judeus que se esquivavam da responsabilidade de responder ao chamado do Senhor reconhecendo que Ele era apenas mais um dos profetas, quanto os cristãos nominais de nosso tempo que, encapsulando sua fé num mero conjuntos de regras e falsa religiosidade, não refletem a imagem de Cristo, estão na mesma situação do jovem rico que, ao ser confrontado pelo Senhor Jesus, voltou triste para seu estado de depravação e condenação.
Aquilo que professam (ora assumindo e reconhecendo o senhorio de Cristo, ora negando-o e rotulando com um bom homem através da rejeição de Sua divindade em sua vida diária) não promove a verdadeira transformação do caráter que todo o discípulo do Messias deve experimentar.
Quem é Jesus? O Filho de Deus? Então qual o impacto imediato deste credo? Quais os reflexos na práxis desta ortodoxia?
Quem dizem os homens ser o Filho de Deus?
Diante da resposta dada pelos discípulos o Mestre se torna ainda mais enfático:
“E vós quem dizeis que eu sou?” (v. 15)
Não importa o que os fariseus declaram, tanto faz o que a multidão de curiosos que ocupam os bancos aos domingos diz. A questão ainda está sem resposta e somente o discípulo, ao qual o próprio Deus abre os olhos, é capaz de responder.
Pedro, iluminado pelo Santo Espírito, é certeiro e preciso: “Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo”.
O Apóstolo não se importou com os argumentos da multidão, não deu atenção ao que os fariseus diziam sobre Cristo, a resposta não se encontrava no Jesus hippie, no bom profeta, na figura histórica ou no ser mitológico, dita cópia barata da religião egípcia.
Para o discípulo a resposta que vale a pena arriscar a vida é aquela que o próprio Deus projeta, pelo Seu Espírito, no coração e mente humano.
O Jesus revolucionário não transforma o coração depravado do homem caído, o Cristo hippie não é capaz de destruir o egocentrismo doentio do pecador, o Messias histórico não é relevante diante das demandas emocionais e existenciais da alma enlutada e o máximo que o Cristo mitológico pode fazer é manter a confusão na mente do homem perdido.
No entanto, o Filho de Deus não apenas é capaz de transformar o ser humano em seu mais profundo ser, como também o resgata em sua tentativa frustrada de encontrar sentido na vida fora do Éden.
Somente Cristo, o Filho de Deus vivo, fornece a resposta para os anseios, desesperos e angústias humanas.
Para Cristo, e para o discípulo, o burburinho da multidão é irrelevante. O Mestre não está interessado no que os Seus discípulos ouviram a respeito dEle, mas sim no que os seus discípulos têm a dizer sobre Ele.
Cristo não se preocupa em rebater as respostas equivocadas ouvidas outrora pelos discípulos, seu interesse está nas palavras de seus amigos. É ao discípulo que o Mestre responde, pois é ele que compreendeu os segredos do Reino e é nele que o seu Senhor habita.
Cristo não está preocupado em tratar com aqueles que estão declarando e rotulando sua Pessoa equivocadamente, na realidade, Sua despreocupação em respondê-los reside na certeza de que, no último dia, todos deverão reconhecer o Seu senhorio.
Para o Mestre, o enfoque imediato deve ser dado ao discípulo que compreende quem Ele é, pois é com este que Ele se relacionará e é ele a quem será dada a responsabilidade de representar o Reino entre os homens.
Não revelou a carne e o sangue
Diante da resposta precisa de Pedro o Senhor Jesus lhe declara que não foi o seu conhecimento humano ou a sua capacidade intelectual, mas sim o próprio Deus que havia lhe revelado sua verdadeira identidade.
O mesmo, décadas depois, escreve o Apóstolo João ao declarar que: “Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus” (1 João 4:2).
O homem natural odeia a ideia de que o próprio Deus encarnou na Pessoa de Jesus Cristo homem, pois o reconhecimento desta verdade implicaria na declaração imediata de sua queda junto a Adão.
Nenhum homem que reconhece ao Messias encarnado e ao seu propósito e papel, o Cristo ungido de Deus para a remissão dos pecados, o faz de sua própria vontade ou de seu próprio conhecimento.
Daqui deriva, portanto, o entendimento de que toda imagem pintada da Pessoa de Cristo que não seja a do Deus Filho encarnado para morrer, a fim de reconciliar com Deus todas as coisas, não provém de outra fonte a não ser do espírito do anticristo.
Pois “todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo” (1 João 4:3).
Temos observado um empreendimento constante de ressaltar no coração caído do homem a certeza de que aquilo que ele pensa ser o Filho de Deus é o correto.
Tudo bem afirmar que Jesus era apenas mais um profeta e ai daquele que declara o contrário, o discípulo verdadeiro, aquele que defende a historicidade e a divindade de Cristo, é rotulado como um ignorante funcional, um idiota, um fanático, afinal de contas a única voz que se admite ouvir é aquela que professa um Jesus que, na realidade, jamais existiu.
Diante deste avanço do espírito do anticristo e de sua bandeira contrária à Pessoa do Deus Filho é papel, mais do que urgente, da Igreja manifestar e defender os princípios estabelecidos pelo Cristo, o Ungido de Deus.
Quem é Jesus? A sua resposta, como cristão, é coerente com sua vida?